Não sei bem quando optei pela carreira. Penso em como é difícil escolhermos tão jovem uma profissão que talvez nos acompanhe pela vida toda. Mas confiei no resultado de um teste vocacional que indicou a minha aptidão para a área. Hoje vejo que a arquitetura é a forma que escolhi para me expressar, e acredito que intuitivamente, a escolha já estava em mim.
Ingressei na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie (São Paulo) em 1987, me formando no final de 1991. Tive a oportunidade de estagiar e trabalhar com excelentes arquitetos. Comecei meus estágios a partir do terceiro ano de faculdade. Primeiro, participando do restauro do Teatro Municipal de São Paulo, depois com os arquitetos: Gianrenato Vittielo - que mantém escritório em Milão desde 1992, ; e posteriormente com Ciro Perondi, idealizador da Escola da Cidade, faculdade de arquitetura de grande destaque pela qualidade do ensino, em São Paulo.
Cheguei a abrir meu primeiro escritório de arquitetura com Tuca Pássaro e Fernando Sendyk, a 3 arquitetos associados. A época era bem desfavorável para a nossa profissão, devido a implantação do Plano Collor, mas a experiência foi maravilhosa. Aprendi a riqueza que é compartilhar o conhecimento com profissionais da mesma área. Quando o escritório recebeu a primeira encomenda significativa de projeto, em 1993, decidi retornar a São Carlos, por uma opção de vida mais tranquila. Era o momento certo, senão dificilmente eu voltaria. Hoje, colho os frutos desta escolha, podendo acompanhar de perto o crescimento do meu filho.
Logo que voltei, comecei uma parceria totalmente despretensiosa com Adriana Nori, que foi interrompida por uns anos, época do desenvolvimento do meu mestrado, finalizado em 1996, na UFSCar, no departamento de Engenharia Civil, com ênfase em Engenharia Urbana. Minha pesquisa se relacionou à importância do espaço público como ordenador e qualificador da estrutura urbana. E assim, vi cidades se transformarem a partir de requalificações de seus tecidos urbanos degradados, com ações direcionadas à melhoria de espaços públicos, como Barcelona, Berlim, e muitas outras, o que considero uma tendência atual do urbanismo.
Sempre achei que seguiria os rumos de uma carreira acadêmica. Cheguei a dar aula como professora substituta na mesma instituição onde desenvolvi meu mestrado, por um ano. Contudo o ato de projetar falou mais alto. Fluia com naturalidade. E daí minha parceria com Adriana se firmou, afinadíssima, permanecendo até 2011, quando ela resolveu dar uma guinada na sua vida profissional, deixando a arquitetura, e assumindo sua outra vocação: o bordado.
Reaprender a organizar o funcionamento de um escritório de mais de quinze anos me deu bastante trabalho, mas foi muito proveitoso. Reciclagem total, ao sair da minha zona de conforto!
Por sorte, tenho como herança desses anos de convivência a arquiteta Daniele Giacomeli, meu braço direito, que me dá todo suporte para que eu possa abrir mais nossos horizontes.